terça-feira, 17 de agosto de 2010

Comadre Onça e o Mestre gato

Mestre João Pequeno de Pastinha

Bom, esta postagem deveria ter sido postada há semanas atras. De qualquer forma, resolvi publica-la na forma do texto original, do calor da hora!
Hoje foi um dia intenso. Como disse em postagem anterior, realizamos a primeira etapa da gravação. Pela manhã, mestra Janja e Antonio (Nzinga) gravaram suas faixas. A Janja gravou uma ladainha de sua autoria e o garoto Antonio gravou uma de minha autoria, a mesma que gravei no primeiro cd do Nzinga, chamada "Corpo Fechado". A tarde, foi a vez do mestre João Pequeno e do garoto da Fundação Pierre Verger. Simplesmente emocionante! Não pensei que iria me emocionar tanto vendo mais uma vez o mestre cantar. Mais emocionante ainda foi tocar para ele fazer isso. Foi realmente um grande privilegio o que vivi agora a  tarde. Um ícone da capoeira pastiniana. O seu seguidor mais antigo e considerado pelo proprio Pastinha, como sendo um de seus "olhos", numa alusão subjetiva à continuidade da escola (CECA) após a sua morte. Um dos pupilos  do velho e saudoso mestre. O mais antigo capoeirista do mundo com mais de 70 anos de vivencia nesta arte. A ocasião se revestiu de um clima especial para mim porque ao participar daquela gravação com o mestre João Pequeno de Pastinha, para o cd que acompanha o livro da estoria "Comadre Onça e o Mestre Gato", de autoria de Carolina Cunha, senti que estava agregando valor à historia que comecei a construir há quase 30 anos na capoeiragem. No primeiro cd do GCAP - Capoeira Angola from Salvador - gravado parte aqui em Salvador, ao vivo, durante uma das históricas oficinas de capoeira que este grupo realizava, e parte nos Estados Unidos, onde teve a participação do mestre João Grande, o outro "olho" do mestre Pastinha. Para quem lembra, na foto de capa deste cd, tem os mestres Moraes, João Grande, Cobra Mansa, Manoel e eu. Não sei se na epoca ja existia o milagroso Photoshop, mas essa foto foi uma montagem. Foram duas fotos que virou uma, sacou? Coisa simples hoje em dia. Mas, rodou o mundo. Quem produziu aquele cd foi a Smithsonian, que o distribuiu pelos 4 cantos do mundo. Na verdade, gravar junto com o mestre João Grande mesmo, eu não gravei, mas estivemos juntos naquele importante disco. 
 A escritora Carolina Cunha estava junto com a gente no estudio e ficou igualmente muito honrada com tudo. No domingo, foi outro show de bola! O mestre Boca Rica desfilou elegancia no trato com as pessoas e com a sua viola afinada. Cantou tão lindamente, quanto suavemente. Foi demais! Nesta hora, fiquei de fora fazendo uma espécie de regência do coro, dando motivação e impolgação para a criançada, ao mesmo tempo em que fazia a comunicação com a mesa de gravação. O mestre Gabriel no gunga e mestra Janja no medio, completaram a trinca monocordica. Foi bom demais...!

Um comentário:

daniel mattar disse...

Legal Mestre, valeu por compartilhar as emocoes passadas, eu ja tinha reparado na capa do cd do gcap a camisa amarela do m. Joao grande, e pensado tem algo esquisito ai....segredo desvendado.