sábado, 30 de outubro de 2010

Livro no Tempo.

No dia 19 próximo passado, foi lançado no Museu Costa Pinto, localizado no Corredor da Vitoria em Salvador, o livro que resgata a verdadeira historia da linhagem Angolão Paquetan na Bahia, representada pela Casa dos Olhos de Tempo que Fala da Nação Angolão Paquetan liderada pelo Taata Dya Nkisi Mutá Imê. O projeto é de um livro de fotos cuja finalidade é registrar certas nuances do dia a dia do terreiro de candomblé de angola que tem no Taata Mutá o seu ultimo sacerdote. Ou seja, a linhagem está sob ameaça de extinção por que não existe outro pai de santo ou mãe de santo que tenha sido feito pelas mesmas mãos. Ele é o ultimo de uma familia e com uma enorme responsabilidade de perpetuar os fundamentos da casa. Com este lançamento, incontestavelmente a Casa dos Olhos de Tempo que Fala Nação Angolão Paquetan projeta a sua memoria para tempos futuros em sua luta de continuar existindo.  Na verdade é um livro de fotografias do grande fotografo Aristides Alves, onde o sociologo Renato da Silveira, responsável por profunda pesquisa em diversos arquivos no Brasil e na Africa, trata da parte historica, enquanto a jornalista Cleidiana Ramos narra de maneira leve e solta, o cotidiano da "roça" e as historias decorrentes. Neste contexto, o grupo Nzinga ganha referencias bastantes positivas da jornalista, que situa a nossa atuação na comunidade do Alto da Sereia  e as ligações dela com a roça. A qualidade indiscutivel do material usado, a encadernação, a qualidade das fotos e dos textos, num contexto de gravar no espaço e no tempo a memoria de toda uma nação ameaçada de extinção, fazem deste lançamento um marco histórico neste tipo de literatura. O livro foi distribuido gratuitamente para os que foram ao lançamento. O Nzinga apresentou a sua orquestra de berimbaus, composta majoritariamente por crianças e jovens. Teve ainda o povo de santo da casa cantando alguns cânticos sagrados. Esse é outro detalhe maravilhoso do projeto: o livro vem acompanhado por um cd gravado no proprio terreiro sagrado. Um documento raro, que utiliza 3 tipos de linguagens: a escrita, a visual e a sonora. Me sinto muito orgulhoso por participar deste momento de afirmação de uma existencia. Na estrutura hierarquica do Grupo Nzinga existe o Conselho de Mestres,composto pelas mestras Janja, Paulinha,o Taata Mutá e eu. Reconexões que fazem sentido para nós todos.
 Ê Tempo Zará Tempo!