terça-feira, 17 de maio de 2011

Broto de limão rosa!

Lembro-me que entre 1986 e 1990, o mestre João Grande era tambem um dos mestres do gcap, ao lado dos mestres Moraes e Cobra Mansa. Outra dia escreverei como foi que se deu essa vinda do mestre para o gcap. Agora quero apenas contar a historia do dia em que o mestre João Grande chegou para o treino lá no Forte de Santo Antonio, com duas vergas na mão.Acho que aconteceu no final da década de 80. Eram vergas especiais, raras! Eram de broto de limão rosa! Eram um pouco mais grossas do que a bitola que normalmente usamos para fazermos berimbau com verga de biriba. Apesar de serem mais grossas, eram mais leves e com a superficie irregular, como se tivesse muitos "nós". Cada discipulo tinha que ter o seu berimbau para as aulas de ritmo que aconteciam todas as terças feiras, na primeira meia hora de aula. Ao termino da aula, cada um pendurava o seu berimbau em um prego na parede. Nesta época, eu era o coordenador da comissão de instrumentos e já possuía o meu berimbau. Aconteceu que o mestre João trouxe as vergas para que eu confeccionasse os berimbaus. Um seria dele e o outro meu. Sempre tive sorte!... Fiz os berimbaus de broto de limão rosa! Pintei-os com cores bem fortes. Ficaram lindos! Na minha verga eu entalhei "CAPOEIRA ANGOLA". O berimbau do mestre era um gunga e o meu foi um médio. Modéstia à parte, ficaram bons demais! Nas terças que se seguiram, estava eu lá arrebentando com o meu berimbau, marcando a maior presença no treino. A galera ficava ligada e sabia que aquele arco estava falando alto. O do mestre nem se fala! Gunga da melhor qualidade. Não demorou muito para os nossos berimbaus serem escalados para compor o ritmo das grandes rodas que aconteciam, e acontecem até hoje, aos sábados, às 19 hs. Os berimbaus do gcap eram mais robustos, com vergas mais grossas e por isso duravam mais tempo. Às vezes, marcavam uma fase do grupo como tendo uma bateria com os melhores berimbaus de uma época. A minha verga de limão rosa eu tenho até hoje. Quem visitar o Nzinga poderá vê-la. Está surrada, mas está inteira! O mestre João Grande também tem ainda o seu berimbau de broto de limão rosa. Quem for na academia dele em NYC, também poderá vê-la.

quinta-feira, 12 de maio de 2011

Aprender a aprender!

Hoje escrevendo para o e-grupo do Nzinga SP, me referi às gerações de crianças capoeiristas do nucleo do NZ Salvador. Quando chegamos no Alto da Sereia, em agosto de 2005, recebemos uma leva de mais ou menos  25 crianças. Dessas, nesses quase 6 anos de "jogo", apenas 8 estão até hoje. Imaginem que eles agora estão adolescentes, com todas as questões inerentes à essa fase da vida. Sabemos que não é facil, mesmo quando as condições são normais. Condição esta que não se aplica ao nosso exemplo, pois são crianças pobres, negras e que residem em área remanescente de quilombolas, com pouca presença do Estado. Ou seja, são caracteristicas que na sociedade brasileira, significam maior dificuldade para acessar as condições para se viver decentemente. Essa geração, hoje me ajuda bastante na preparação dessa nova "leva" de muleekes. As vezes eles querem fazer cobranças duras aos novos muleekes, mas eu fico por perto para pedir-lhes paciencia, a mesma que eu tive no começo quando eles chegaram há 6 anos atras. Se a cada 6 anos de trabalho, conseguisse ficar com  8 alunos dos tantos que chegaram, diria que o sucesso nos brindou a abençoou! Digo sempre que se o "nucleo duro" de um grupo, que é formado por pessoas que se dedicam de maneira mais destacada ao funcionamento dele, recebesse um discipulo por ano, seria muito compensador e o futuro deste grupo estaria garantido às proximas gerações. Prestem atenção que eu não estou me referindo ao numero de pessoas que compôem o grupo, mas sim das pessoas que fazem com que este grupo evolua e cresça como organismo, como uma coisa viva e latente,  participando e contribuindo com o seu dia a dia, e não apenas achar que pagando a mensalidade em dia, ja esteja fazendo muito por ele. Qual o lugar de cada um nós afinal??????????? Conviver, aprender, ser e fazer!

quinta-feira, 5 de maio de 2011

Casa dos Olhos de Tempo!

A cada ano, a Casa dos Olhos de Tempo que fala da Nação Angolão Paketan realiza o seu ciclo de festas, onde celebra e louva os principais Inquices da casa. No dia 9 de julho, às 17 hs, terá início a festa dedicada à  Unzila, onde será servida comida sagrada que abrirá o caminho para as festas subsequentes. No sabado seguinte, dia 16, no mesmo horario, acontecerá a festa que reverencia Mameto Kaiongo. Na madrugada do domingo (17) para a segunda feira (18), acontecerá o Ritual das Águas, chamado Meian Kambuká. É um dos rituais mais lindos que existem. Na mata, no meio da noite, escuro, velas acesas, canticos sagrados, muita água, roupas brancas...É demais!
No dia 23, às 17hs, teremos a principal festa da casa. O dono do Terreiro! Tateto Mutalombô!
Essas são as festas que acontecerão no mes de julho. No mes de agosto, teremos duas festas para Tempo: uma no dia 13, às 17 hs, que vai acontecer no terreiro da rua Daniel Lisboa, em Brotas. Neste ritual, existem varias detalhes que fazem desta festa, uma festa diferente. A outra festa será no dia 20, às 17 hs e acontecerá em Cajazeiras XI.
Até os dias das festas, estaremos em campanha de arrecadação de fundos para ajudar nas muitas despesas que serão necessarias fazer. Aos leitores e leitoras que queiram colaborar, façam contato conosco, que estudaremos uma alternativa viavel.

Nzinga: 9 anos em Salvador

Está ficando cada vez mais interessante a possibilidade de reunirmos em Salvador uma boa porção do Nzinga SP com o Nzinga daqui, em julho, por ocasião dos festejos da Casa dos Olhos de Tempo que Fala da Nação Angolão Paketan que começam no dia 09 de julho.. A ideia que se esboça é organizarmos um eventinho na tarde do dia 15, na sexta feira, culminando com a roda de capoeira à noite, aberta à comunidade. As pessoas interessadas em participar destas atividades, enviem mensagem para o polocagb@hotmail.com para garantir lugar, ja que serão vagas limitadas. A ideia é de uma aula com os mestres do Nzinga com preço popular de 30 reais. Na oportunidade, estaremos marcando a passagem dos 30 anos sem o grande mestre Pastinha e os 9 anos do Nzinga em Salvador. Desde já, todos e todas estão convidados a comparecerem  no eventinho de capoeira e nos festejos do terreiro.

terça-feira, 3 de maio de 2011

Capoeira Viva

Ontem no final da tarde, fui ao Centro Cultural da Barroquinha para assistir ao lançamento da coleção de cds de capoeira. Foi resultado do edital que a Fundação Gregorio de Matos lançou ano passado. São varios mestres envolvidos no projeto, inclusive de muitos outros estados do Brasil, mas alguns nomes possui peso e historia maior que o de outros. Por exemplo, o mestre Boca Rica estava lá com toda a sua elegancia e picardia coordenando a pequena roda de capoeira que rolou. Não tocou ontem. Estava apenas com o microfone na mão e cantando varios sucessos de seus 5 discos anteriores. Meu padrinho de casamento que doou uma caixa de quiabo para o caruru do meu casorio. Voces sabem que ele vende na feira de Sâo Joaquim desde sempre. Salve mestre Boca Rica. Apesar de não estarem lá, os mestres Virgilio, Ananias e o saudoso mestre Bigodinho, que ontem recebeu uma homenagem singela  e bonita. Depois de amanhã completará um mes de sua morte. A caixa com os 5 cds foram distribuidas para quem foi prestigiar o evento. Comecei a ouvir imediatasmente, quando sai de lá em direção ao Nzinga para a aula que daria minutos adiante.