terça-feira, 19 de janeiro de 2010

Forte de Santo Antonio Alem do Carmo!


Dos detalhes que me lembro, o Grupo de Capoeira Angola Pelourinho (GCAP) treinou um tempinho nas Docas, que era onde o nosso mestre trabalhava e depois foi para a mesma sala onde até hoje está o mestre João Pequeno. Em seguida foi para a sala onde ficou por quase 15 anos... aquela do chão enxadrezado de preto e branco. Onde aconteceram na decada de 80, eventos memoraveis que marcaram o ressurgimento da capoeira angola na Bahia. Emblema de uma fase de resistencia que ficou gravado nos registros fotograficos e nos filmes e videos da época. Na foto ao lado, dá para ver o piso. Ampla vista para a baia de todos os santos, principalmente quando iamos para o terraço lateral. Muitas vezes confeccionamos os nossos berimbaus nesta área. Muito samba, feijão e capoeira. Que saudade! O GCAP ficou nesta sala até o dia em que esta foi demolida e o Forte de Santo Antonio transformou-se no Forte da Capoeira. Apesar da sensação de vazio e de que está faltando alguma coisa que me era importante lá, reconheço por outro lado que é legal ver o Forte na sua forma original. Preservaram-se o patrimonio arquitetonico de uma historia e extinguiram o de outra. Não por acaso, foi exatamente o de uma arte negra, da capoeiragem. Para mim será sempre o Forte de Santo Antonio, pois ele é o protetor da barquinha de noé. Esta sala a que me refiro, fez parte de um episodio curioso naquela época. Ela vinha sendo ocupada pelo finado Mestre Ezequiel, da capoeira regional, mas este já não aparecia lá há muito tempo, pois tinha outro espaço onde estava dando aula de capoeira, se eu não me engano, lá pelas bandas de itapuã. Então, como sem duvida nenhuma o espaço do M. João Pequeno era pequeno para abrigar os dois grupos, e o M. Ezequiel já não tinha aquele lugar como essencial para a continuidade de seu trabalho, nós o invadimos. Subimos as escadas, serramos o cadeado e o ocupamos. O M. Ezequiel tinha a maior afinidade com os nossos mestres e não aconteceram maiores tensões por causa disso. Naquela sala construimos parte de uma historia! Hoje, no mundão de meu Deus, construiremos outras...