domingo, 18 de abril de 2010

Mapeando Capoeira

No ultimo mes de março, a Secretaria Estadual de Turismo, promoveu um encontro no Forte de Santo Antonio (da Capoeira), onde os mestres e capoeiristas eram os convidados especiais, para ouvir o secretario anunciar o inicio do mapeamento da capoeira no estado da Bahia, ao mesmo tempo em que pedia a colaboração de todos e todas que estavam presentes, na realização desta empreitada e, a partir daí, transformar a Bahia na "Meca" da capoeira. O pedido me pareceu meio "inocente", certamente pressupondo que as relações entre a capoeiragem e o Estado eram por si só, perfeitas! Fato que não é verdade. A poucos 70 anos atrás, esse mesmo Estado perseguia e prendia os capoeiras, apoiado no codigo penal. Sem falar na total falta de reconhecimento à labuta dos mestres de capoeira que historicamente chegavam e ainda chegam ao fim de suas trajetorias sem nenhum tipo de assistencia ou aposentadoria, apesar de a imagem da capoeira ser usada para atrair cada vez mais turistas para a Bahia, o que gera anualmente uma cifra altissima de divisas para o Estado e que nenhuma percentagem é distribuida com a classe capoeiristica. Há 3 anos houve o tombamento da capoeira como patrimonio imaterial do Brasil e nada aconteceu na vida dos que fazem a historia acontecer. Na decada de 70, teve o famoso episodio do Casarão 19, no Pelourinho, onde o saudoso mestre Pastinha dava aulas e saiu de lá convencido pelo governo do Estado de que o 19 seria reformado e devolvido para o mestre, coisa que nunca mais voltou a acontecer, desencadeando uma onda de sofrimento e dor ao mestre que tanto elevou o nome deste Estado e país, e que culminou com a sua morte em condições precarias. A situação pareceu invertida, com o estado pedindo ajuda. Vê se pode? Ao franquearem a palavra, muitos falaram. Alguns apoiaram de imediato aquela iniciativa, mas outros colocaram ressalvas e se posicionaram na defensiva. Eu fui um dos que relembrou a historia controversa dessa relação com estado e de que os capoeiristas, sem a ajuda do estado, ja tinham conseguido transformar a Bahia na "Meca da capoeira" e que o estado deveria acenar com muito mais de que um "inocente" pedido de ajuda aos capoeristas. O mestre Curió balançando a cabeça, apoiou as minhas ponderações.